KnoWhy #442 | Outubro 16, 2018
Por que Néfi queria conhecer os mistérios de Deus?
Postagem contribuída por
Scripture Central

"[E] tendo também grande desejo de saber dos mistérios de Deus, clamei, portanto, ao Senhor; e eis que ele me visitou e enterneceu meu coração, de maneira que acreditei em todas as palavras que meu pai dissera" 1 Néfi 2:16
O conhecimento
Quando Leí pregou ao povo de Jerusalém, a maioria, incluindo membros de sua própria família, rejeitou sua mensagem. No entanto, seu filho Néfi queria saber se o que seu pai havia dito era verdade. Assim, ele perguntou a Deus e recebeu uma resposta, de modo que ''acredit[ou] em todas as palavras que meu [seu] dissera'' (1 Néfi 2:16). Descrevendo essa experiência, Néfi disse que desejava ''saber dos mistérios de Deus'' (v. 16). Mas, o que ele quis dizer com isso? Quando a palavra ''mistérios'' é estudada em seu contexto antigo, parece provável que Néfi desejasse conhecer especificamente as informações que seu pai havia aprendido do Senhor em 1 Néfi 1.1
Em 1 Néfi 1:8, Leí declarou que ''pensou ter visto Deus sentado em seu trono, rodeado por inumeráveis multidões de anjos'' (1 Néfi 1:8).2 De acordo com John W. Welch, é amplamente reconhecido que, nos dias de Leí, uma visão desse tipo indicava que o profeta havia sido admitido no conselho divino, onde receberia seu chamado e as instruções necessárias para comunicar ao povo.3 Isso pode ser visto em 1 Reis 22:19–23 e Jeremias 23:18, bem como em muitos outros textos do Antigo Oriente Próximo, quando Deus preside Seu conselho divino.4 O principal propósito deste conselho era ensinar os decretos de Deus, decretos dados aos profetas que deveriam, no devido tempo, entregar ao povo.5
Assim, como salientou Welch, esses profetas foram admitidos no conselho por meio de uma visão, que lhes permitiam testemunhar as deliberações do conselho, e eram posteriormente enviados para comunicar ao povo as decisões ali tomadas.6 Em hebraico, o conselho divino e seus decretos são descritos pela palavra sod, que significa ''oculto e/ou conselho''.7 Como o Sod não era acessível a todos, os decretos do Sod eram mantidos em sigilo, semelhante ao que alguém compartilharia apenas com um amigo íntimo.8 Por este motivo, o Sod era entendido como os mistérios de Deus. A palavra Sod foi traduzida para o grego como mysterion.9
Welch explicou que o desejo de Néfi de ''saber dos mistérios de Deus'' foi mencionado pouco depois de Leí ter tido sua experiência no Conselho Divino.10 Isso sugere que Néfi desejava saber as coisas que haviam sido declaradas naquele conselho: os mistérios de Deus.11 Portanto, ao visitar Néfi e fortalecer sua fé nas palavras de seu pai, é razoável supor que o Senhor também tenha compartilhado com ele os assuntos e as decisões daquele conselho.12 Uma vez que as mensagens compartilhadas na reunião do conselho estavam conforme as palavras de Leí, Néfi sabia que seu pai era um verdadeiro profeta e que havia informado com exatidão o povo sobre os mistérios decretados no Conselho Divino.13
O porquê
Quando alguns pensam nos ''mistérios de Deus'', talvez associem esses termos a conceitos doutrinários complexos ou códigos enigmáticos. No entanto, como John W. Welch apontou, embora as decisões do Sod fossem ''informações confidenciais e privilegiadas (e, nesse sentido, podem ser chamadas de mistério), não são enigmas ou informações criptícas''.14 Deus revelou seus mistérios a Leí no Conselho Divino, com o entendimento de que Leí compartilharia essa informação com o mundo. Portanto, mesmo que as palavras originais de conselho estejam ocultas, uma das funções dos profetas é receber esses mistérios, aprendidos de Deus, e compartilhá-los com as pessoas.
Embora, em alguns casos, Deus ordene que mantenhamos algumas coisas em sigilo, neste caso particular, é evidente que Ele pretendia que Seus profetas partilhassem esses mistérios com o povo, em vez de guardá-los para si. E como os profetas foram ordenados a compartilhar essas verdades, a melhor maneira de aprender os mistérios de Deus é ouvi-los, pois eles têm a solene responsabilidade de compartilhar essas verdades com todos.
Além disso, essa compreensão dos mistérios de Deus deve nos impedir de vagar por caminhos espirituais estranhos em busca de mistérios. Como Welch afirmou, embora todos sejam convidados a buscar e a todos seja prometido conhecimento (1 Néfi 15:8; Mateus 7:7; Morôni 10:4-5), este não é um convite aberto para que todos os homens e mulheres busquem ''mistérios'' além das palavras declaradas pelos profetas.15 Em vez disso, é importante darmos ouvidos às palavras dos profetas, que compartilham conosco as mensagens que receberam diretamente de Deus, como parece ter sido a compreensão de Néfi sobre os "mistérios de Deus".
Felizmente, Néfi nos ensina como podemos entender os mistérios de Deus, após os profetas os revelarem a nós. Assim como Néfi orou a respeito das palavras de seu pai e recebeu confirmação e esclarecimento de sua veracidade, Welch mencionou que ''de maneira semelhante, o Senhor dará a conhecer a todos os seus filhos a veracidade das palavras de seus mensageiros, os profetas''.16
Leitura Complementar
John W. Welch, " The Calling of Lehi as a Prophet in the World of Jerusalem", en Glimpses of Lehi's Jerusalem, ed. John W. Welch, David Rolph Seely e Jo Ann H. Seely (Provo, UT: FARMS, 2004), pp. 421–448. John W. Welch, "Lehi's Council Vision and the Mysteries of God", em Reexploring the Book of Mormon: A Decade of New Research, ed. John W. Welch (Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book e FARMS, 1992), pp. 24–25. John W. Welch, "The Calling of a Prophet", em First Nephi, The Doctrinal Foundation, ed. Monte S. Nyman e Charles D. Tate Jr., Book of Mormon Symposium Series, Volume 2 (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 1988), pp. 35–54.1. Para um breve resumo disso, ver John W. Welch, ''Lehi's Council Vision and the Mysteries of God'', em Reexploring the Book of Mormon: A Decade of New Research, ed. John W. Welch (Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book e FARMS, 1992), pp. 24–25.
2. Para obter mais informações sobre esse evento, consulte o artigo da Central do Livro de Mórmon, ''Como o Senhor chamava aos profetas antigamente? (1 Néfi 15:8)", KnoWhy 17, (20 de janeiro de 2017). 3. John W. Welch, " The Calling of Lehi as a Prophet in the World of Jerusalem", em Glimpses of Lehi’s Jerusalem, ed. John W. Welch, David Rolph Seely e Jo Ann H. Seely (Provo, UT: FARMS, 2004), p. 427. 4. Welch, " The Calling of Lehi as a Prophet", pp. 427–429. 5. Welch, " The Calling of Lehi as a Prophet", p. 427. 6. Welch, " The Calling of Lehi as a Prophet", p. 428. 7. Welch, " The Calling of Lehi as a Prophet", p. 428. 8. Welch, " The Calling of Lehi as a Prophet", p. 435. 9. Welch, " The Calling of Lehi as a Prophet", pp. 435, 428. Por exemplo, ver o manuscrito sinaítico da Septuaginta suppletor de Siraque 3:19. 10. Welch, " The Calling of Lehi as a Prophet", p. 436. 11. Welch, " The Calling of Lehi as a Prophet", p. 435. 12. Welch, " The Calling of Lehi as a Prophet", p. 436. 13. Para mais informações sobre isso, ver John W. Welch, ''The Calling of a Prophet'', in First Nephi, The Doctrinal Foundation, Book of Mormon Symposium Series, Volume 2, ed. Monte S. Nyman e Charles D. Tate Jr. (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 1988), pp. 35–54. 14. Welch, " The Calling of Lehi as a Prophet", p. 436. 15. Welch, " The Calling of Lehi as a Prophet", p. 435. 16. Welch, " The Calling of Lehi as a Prophet", p. 435.